quarta-feira, 28 de abril de 2010

Um...



Um pedaço de pão
Um cheirinho a rosmaninho
Um latir de um cão
Um passo devagarinho
Um estalar dos dedos
Um sorriso na boca
Um dos meus segredos
Um que se esconde na toca
Um ferro forjado
Um verso apagado
Um prego pregado
Um cair sossegado
Um voar até além
Um cair sem saber
Um que ri em desdém
Um que não sabe ler
Um que vai mais além
Um que vence na vida
Um que segura a bengala
Um que faz a mala
Um que vai partir
Um que nem sabe quem é
Um que sofre por ver sofrer
Um que morre por ver morrer
Um no meio de tantos

A luz das Trevas…




A luz das Trevas…

Escondido por detrás da moita
Com medo dos sons das trevas
Enfia o seu capuz e açoita
Os lobos que vêem por entre as ervas

Seu corpo treme de medo
Sua alma esvoaça na escuridão
Só queria saber o segredo
Para não estar em solidão

Queria tanto estar ao teu lado
Nestes momentos não acordo
Deste sonho ou pesadelo
Que mais tarde me recordo

Vagueio em terras vermelhas
Em chãos que não dão pão
Sinto o zunido das abelhas
Dói-me por dentro o coração

Acordo todo eu estou molhado
Acabou este pesadelo esta agonia
E tu ali mesmo ali ao meu lado
Seguras-me na mão que esta fria

Não sei o que se passou
Nem sei por onde andei
Todo o sonho se evaporou
Mas que gritei gritei

terça-feira, 27 de abril de 2010

Noite escura

Como criança revejo este mundo

Será redondo diria Galileu

Mas para mim será escuro

Mais escuro do que o breu


Onde está o sol da minha terra

Quem sabe se também imigrou

Vou subir ao alto da serra

E ouvir ao longe quem por mim gritou


Lá para os lados da capital

Eles não se entendem e só gritam

Mas já ninguém sabe o principal

Dos roubos que por ai gravitam


Escondem-se uns dos outros

E nós cá vamos pagando

Todos eles com cadastros

Mas estão é mesmo burrifando


Terra que por mim foi lavrada

Um dia dará o seu pão

Será vendida depois de arada

Não vale nem um tostão

terça-feira, 20 de abril de 2010

Para ti e para eles....




Entre o fado das nossas vidas
E as noites também passadas
Foge de mim vento que assobia
Ou levas duas lambadas
Tremidas de mãos de trabalho
De passos seguidos de sonhos
Que se vão agora mesmo deitar
Nesta tarde tão calma de vida
Aos teus pés me descalço
Percorrendo a estrada com só ida
Vou em pequenos sobressaltos
Caminheira da Lua
Minha companheira
De tantos fados
Hoje o dia alimenta
O sonho ou a fantasia
Esta vida por vezes ciumenta
Atira fora o grasnar da cotovia
O teu olhar humedecido pela demora
Os teus ouvidos com zunidos de aviões
Vou então descrever por palavras
O que tenho sentido nas emoções
Um passageiro errante na vida entra
Deixando marcas de sangue e de terror
Mas com a tua força seja ela valente
Vou gritar e acabar com este clamor

TOC.TOC. TRIM.TRIM



O telefone toca e se deixa tocar
E esta alma tem vontade de chorar
Um choro tocado um choro calado
Mas em breve estarei ao teu lado

Nada de lamentos
Nem sofrimentos
O dia esta lindo os filhos a chegar
Um a correr outro a sorrir
Estou mesmo a ir

Que maravilha poder escrever-te
Mesmo que saiba que estás irritada
Mas o tormento já passou
A água fresca ali mesmo o levou

Vou ligar sem me cansar
Só para te ouvir falar
Que pena
Que sorte
Ter-te ai mesmo ao lado
Estou a ir

terça-feira, 13 de abril de 2010

Um sorriso..Um abraço...



Nas voltas do mundo
Esse mundo que se tem
Onde tudo se perde
Sem nunca se ter ninguém
Era um rasto
Um sorriso
Um abraço
Um desdém
E assim vai a vida
Por este lado do sonho
Onde o sorriso se confunde
Onde afinal proponho
Um sorriso
Um abraço
Quem sabe o que lá vem
Nesta vida onde caímos
Onde afinal vivemos
Sempre sem sorrisos
Sem abraços nem palavras
São tudo sonhos
De uma vida perdida
Que afinal tinha vida
Depois de partir
Um sorriso
Um abraço
Um até breve também

Para ti...



São palavras que soltam estas águas
De uma vida sempre em sobressaltos
Falam de rios de montes e de mágoas
De horizontes uns bem altos

Voos quem não os deseja ter
Uns mais altos do que outros
Mas lá no fundo é necessário saber
O pensar dos nossos astros

É uma vida corrida mas sem medos
De olhar sempre para além
Nunca por nunca fugir aos enredos
Nem às pessoas com o seu desdém

Corre água na calçada
Descalça de gentes e de vida
Nunca direi que é uma maçada
Viver esta vida contida

Foste um sonho uma miragem
Que um dia me apareceu
Dando-me uma nova aragem
Como caída do céu

Beijo longo e despido
Tantas coisas que podemos fazer
Serei eu o teu Cupido
De te levar a correr

Desejo que tudo seja bom
Porque o tempo esse é escasso
Falarmos no mesmo tom
E dar um forte abraço

sábado, 3 de abril de 2010

Um voar...



Neste rio que me leva até ao mar
Dentro da barca negra
Tão negra que me faz pensar
Que a vida não me alegra
Tudo se partiu
E uma lágrima caiu
Neste rio que me leva até ao mar
Dentro do meu coração amargurado
Tenho uma pomba pronta a voar
De tanto sofrer e ficar abafado
Tudo se partiu
E uma lágrima caiu
Neste rio que me leva até ao mar
Duas crianças e uma mulher
Com vontade imensa de amar
E tudo faremos para voltar
Juntos vermos essa pomba a voar
Então a lágrima secou
E um sorriso voltou