quarta-feira, 13 de junho de 2012

Sem pena..sem dor..


Criei dentro de mim uma força e uma nova alma
Senti a tua falta dia após dia nesta casa solitária
Nestas tardes de espera nestas tardes de calma
Onde o teu olhar era o meu descanso e sorria

Parto de noite pelos corredores escuros a dormitar
Almas que descansam dos seus afazeres escolares
Sinto ao de leve o seu respirar o seu sonhar
Adormeço nas calmas e sonho com esses olhares

Vem e não vem depende da manhã
Depende de tantas coisas que já falamos
Espero comer o cozido com sabor a hortelã
E sentir aquele beijo porque nos amamos

Por fim sinto a lágrima a escorregar
Nem sei bem porque escorrega ela
Se somos felizes  se somos assim
Um povo sofredor dentro de outro
Tenho na mão uma flor de jasmim
Sei lá até me cheira mais a alecrim
Mas isso eu não quero que tenhas pena de mim

quarta-feira, 23 de maio de 2012

Indignado(s)



O grito que aperta a minha garganta
Nem me deixa gritar ao descontentamento
Que sinto por esta terra que me espanta
A passividade de quem nos comanda

Roubam-nos tudo até a alma
Vendem-nos os anéis ao desbarato
Fecham-se em solares na calma
De bracelete e com rato

Escrevem todos os dias
Como indignados e a sofrer
Com o que roubaram sem pedir
Nem tempo lhe dá para viver

Passeiam-se pela avenida em vidros fumados
Com plumas e braceletes reluzentes
Enquanto o povo sofre com os seus amados
Haja guerra que nem nos vêem os dentes

Pão e água...



A força que se tem sem o demonstrar
A terra que se pisa sem se pisar
O grito que garganta dá sem se ouvir
O poço que já não tem água vai sucumbir
A dor que me atormenta sem dor
A criança que sorri sem se ver
A marcha que toca sem se ouvir
E tudo a minha roda vai cair

É esta a força que irá ruir
Ou será essa que vai vencer
Se tudo o que sinto me faz sofrer
Nem tudo o que sofro me faz cair

É um povo na sua própria agonia
Sufocado com tanta ironia
Vai sair à rua sem medo de nada
Gritando por uma nova alvorada

Crianças sem escola nem papel
Uma mãe que lhe dê de comer
Mantêm por enquanto o sorriso
Quem sabe para a ver morrer

Foram estes os Homens da desgraça
Que inchados partem para outros horizontes
Abandonando as suas trapaças
E que até nos secaram as fontes

Será guerra ou paz 
Nem eu sei 
Morrerá um simples rapaz 
Pela ordem que lhe dei

Se aos nossos faltar o comer
Todos irão gritar 
A guerra essa é mesmo a valer
Bem podemos caminhar

sexta-feira, 18 de maio de 2012

Caminhada....


No caminho longo que percorro
Do baldio verde à minha frente
Tenho o coração bem quente
Mas não vou pedir socorro

Minha gente meu povo
Minha alma que me deixas assim
Só a ti ainda hoje louvo
O que aprendi ao pé de ti

Levaste no olhar o seu carinho
E um pouco de todos nós
Vai agora devagar pelo caminho
Esperando sem pressas por todos nós