terça-feira, 18 de maio de 2010

Solidão…



Carrega o seu vestido negro
Que o tempo perdeu a memória
Lá longe dos seus sem pego
Perdeu ele a sua vitória
Ficou gravado na pedra
Que o Homem decidiu escrever
Longe dos seus fica sem sorte
E ninguém o pode valer
Agora com o menino no ventre
Hoje Homem feito sem nunca chorar
Ele ainda agora não sente
A falta que lhe fez um Pai para adorar
Mas a guerra com tantos que levou
Outros tantos que daqui fugiram
Por fim Abril chegou
Felizes os que não sentiram

Saudade !!!


Saudade
Que se sente dentro de nós
Que nos doem
Que nos corrói
Nos deixa morrer
Como lágrima que corre sem parar
É um eterno sofrer
Este inferno
Que nos faz viver
Sem rosto
Nem memória
Saudade
Palavra que se vai com o vento
Que os pobres nem tem tempo
De a sentir
No seu leve latir
Na sarjeta
Desta terra despida de sentimentos
Onde agora nem sei onde vai parar
Fica a saudade

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Quero acordar…



Uma força dentro de mim grita

Um grito sem som

Mas se a vida alguma vez me irrita

Deve ser do seu tom

As palavras ferem como setas

Os olhares esses distantes

Nos ombros tu próprio acarretas

Os afazeres possantes

Vida para lá da morte

Musica sem orquestra

Afinal qual a minha sorte

Se aqui mesmo morro nesta

Vou acreditar

Que afinal há vida para lá da morte

Senão nada vai ser igual

Pobre da minha sorte

Gritar para que se ninguém me ouve

Ouvir porque se estou só

Não

Acorda que estás vivo

E lá fora há vida e te esperam

Os filhos e mulher

Acorda

A dor que sinto...



Carrego no meu peito a dor de mim mesmo

Nas minhas mãos o sofrimento do momento

Por onde apareço escondido neste esmo

Depois vagueio nas palavras sem tempo


Sinto dentro de mim um grito abafado

A minha vista não me deixa ir mais longe

Quem sabe se são sinais de um ser abalado

De regresso à abadia onde foi monge


De sandálias calçadas e túnica corrida

Vou beber a esta fonte de água fresca

Por onde já em tempos foi aferida

E amor brotou nesta fonte pitoresca


Ai de mim em pedaços entrelaçados

De mãos amarradas nestas ameias

Cerram-me os olhos e amordaçados

Sinto a chegada das alcateias


terça-feira, 4 de maio de 2010

Palavras corridas...



Escrevo por palavras sem obscuridade
Que levo na alma e no meu saber
Lhe dou tons e alguma musicalidade
Para que possas ouvir e reler

Muitas palavras ficam escondidas
Tantas outras ali a nossa frente
Mas são tantas que estão perdidas
Que não me lembro de todas de repente

Fecho os olhos e deixo correr os dedos
Neste teclado negro com escrita branca
Muitas delas serão os meus segredos
Que coloco em todos uma tranca

Segura na minha mão e sente o coração
Pelo tempo que passa sem te ouvir
Basta um toque ao de leve na minha mão
E logo poderei finalmente sentir

Uma mão que toca levemente
Um raspar mesmo a dormir
Esse teu toque tão docemente
Que me embala e faz sorrir

Não acordo mas deixou-me levar
Pela noite que passa a correr
Até que logo o ouço gritar
Não de dor mas quer comer

Tudo negro...



Não sei se o momento é o mais próprio
Mas decerto que vou escrever
Não bebi nem comi e estou sóbrio
De resto pouco ou nada escrevo do saber

Virei páginas de uma montra virtual
Onde encontrei tema de conversa
Mas afinal onde é que fiquei mal
Se nada do que li me interessa

Escrevo isso sim momentos de vida
Altos de um sorriso passageiro
Terras negras só com uma ida
E aqui vou eu de pé ligeiro

Não corro mas não estou parado
Revivi e vi lutas sem muita dor
Em quase todas não fiquei abalado
Mas senti dentro das pessoas o pavor

Terra é de quem a trabalha
As cebolas de quem as apanha
Afinal com tudo isto quem é que ganha
Se não sei se tenho trabalho para semana

Tudo negro
Bandeiras e a correria para o cemitério
Esta tudo no prego
A vida os sonhos tudo é um mistério

Como vamos terminar
Talvez no banco do jardim
Como sempre fizemos a olhar
Esperando que tudo tenha um fim