segunda-feira, 19 de junho de 2017

Salvem as nossas almas

Caí em mim longe das labaredas
Do sofrimento
Da agonia e do vento
Neste Alentejo escaldante
Nesta água morna
No final da jorna
Olhar húmido de raiva
Onde tudo arde a minha volta
Ali do lado de lá da planície
Tudo a monte uma imundice
Ninguém se rala
Ninguém se cala
Tudo arde
Na boca seca faltam as palavras
Nem por isso aos engravatados
Alguns mal-humorados
Não sabem nada
De tudo falam
Ali tudo arde
Razões e muitas opiniões
E eles os soldados da paz
Dormem calçados e amargurados
Longe dos seus combatendo
Dias sem fim
Do lado de lá da planície
Onde o cheiro intenso se mantém
E as forças essas tendem em partir
E antes de sucumbirem
Se deitam na areia
E adormecem
A miragem de paus despidos
Alguns bem unidos
Ali mesmo a sua frente
E de fronte chapa encarquilhada
Toda amarrotada
Da força do fogo
Almas que voaram
Alguns anjos e muito mais
Nesta terra que sempre arde
Pela noite e pela madrugada

Que amanhã haja uma nova alvorada