quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Boa Tarde!!!



No despertar deste sono acelerado, onde na minha mente paisagens lindas vagueiam, ao som da tua voz risonha de cara rosada no meu imaginário de criança.
São palavras perdidas no tempo que renasceram depois de te conhecer, mas onde pequenos tremores sem(ti) neste coração parado de muito te querer.
Depois de voltas e voltas nesta minha cama pequena e fria onde te senti mesmo ao meu lado, teu respirar teu perfume teu corpo colado a mim mesmo não deixava que partisse. Foram momentos únicos de um amor que te quer tanto de algo que me invadiu a mente sã, onde passeando em tempos idos nos envolvemos na mesma cama rebolando em sonhos não descritos mas sentidos.
Queria tanto, tanto juntar meus lábios numa cadência gregoriana onde os sonhos se preconizassem num lugar ermo de uma catedral romana virada para um vale, que ontem tão bem foram descritos nas palavras rebeldes de Miguel Torga.
Não quero acordar! Nesta serra em que me encontro onde o vento bate na minha face e deixa odores de giestas, de amoras silvestres de rosmaninho e esse teu brilho.
Que loucura dentro de mim de não poder agarrar na tua mão e descalços correndo no xisto onde predomina a Bical, Cerceal, Malvasias e tantas outras de tinto, como Touriga Nacional, Jaen e Amaral.
Mas é Touriga Nacional “Entre as tintas é a casta mais nobre. O cacho, pequeno e alongado, possui bagos diminutos, arredondados, de tamanho não uniforme, com a epiderme negra-azul revestida de forte pruína; a polpa é rija, não corada, suculenta e de sabor peculiar.”
Cerro meus olhos e no passo de dança procuras um livro um livro que não existe mas que eu vejo e onde sabores e odores entram pela minha mente.
Ali mesmo na minha frente numa sala de cerejeira, castanho ou outra qualquer madeira nacional dás passos milimétricos mas onde a tua silhueta transpõem para lá do imaginário.
Dispo-te das palavras, dos olhares, dos sentidos e paro no momento de me aproximar. Como é belo se conseguisse transmitir tudo que me vai nas veias, mas tudo completamente transparente onde teu corpo reluzente de água salgada molhada poder-se-ia saborear com qualquer vinho branco bem fresco a escorregar.
Depois o doce a contrapor o aveludado do vinho branco, que me deixa espetado no filme “Nove Semanas e Meia” E a loura dançava ao som de Joe Cocker e era seduzida com Billie Holiday em fundo.
Não, acordo com o tocar do despertador ali mesmo ao meu lado na mesinha de cabeceira onde poisado descansa o telemóvel que me fez viajar.
LP1961-14/08/07

Sentir cá dentro vindo de fora....



Sentir dentro de nós uma alma que se move
Nas entranhas revoltadas de manhã agreste
Nem tudo o que se diz e se ouve me comove
Mas tu sim mexes e remexes dentro de mim
Palavras soltas ou mesmo sem fim
São mesmo iguais que tantas outras
Mas estas estão douradas e muito loucas
Porque são dirigidas para ti
Como eu sonho com vales e montes só para nós
Onde ouço o chilrear ali mesmo no parapeito
Me faz acordar deveras muito satisfeito

Amor que invadiste o meu coração
Do pobre soldado que tanto te ama
E que por momentos sentido a tua mão
Se deita sossegado esperando na cama

Quero fugir para muito longe
Mas estar bem junto de ti
Sorrir saltarmos com menino homem
Que um dia vê-lo voar ai de mim

Como ícaro como ave de rapina
Escondida entre as frinchas da janela
No seu escuro que enfim diz que domina
Com berros gestos sem ter fim

Ele volta do seu pequeno voar
Sinto uma lágrima a cair
Não sei se vai chorar
Se simplesmente dormir

Acorda sobressaltado de tantas palavras
Incompreendido mal tratadas
E dizem-se pessoas divinas
Dorme menino-homem sossegado.

O acordar...



Correndo entre as minhas próprias palavras
Saltitando de longe em longe
Sinto-me a libertar das minhas amarras
Dos tempos que me magoaram até hoje

Encontrei o meu porto de abrigo
Onde tempestades ainda não pararam
Certo está que quero ficar contigo
Depois de tudo isto que me entristece e me amarram

No meu dormitar a teu lado sossego
Nem sabes o bem que me estas a fazer
Por vezes falamos do nosso próprio ego
E choramos ambos porque tem que ser

São lágrimas de dor de amor e de paixão
E outras tantas que o mundo nos dá
Mas o facto de segurar na tua mão
Enche o meu coração e só preciso de um olá

São horas e horas sem te ouvir
Sinto o coração a palpitar
Umas de trabalho e outras tantas a dormir
Mas como é bom o que estou a sentir

Amanhecer...



Entra no meu quarto e sente o meu beijo
Um beijo longo com sabor a esperança
Entre tantos sabores só tenho um desejo
Que fiques com ele como boa lembrança

É um quarto normal com sons de Inverno
São tais os beijos loucos e quentes
Que finalmente deixei este inferno
E juntos criamos poemas eloquentes

Sentir as tuas palavras sem espinhos nem dor
Ouvir a tua voz seja onde for
Será essa a razão deste nosso amor

Despertar...


Sentir um frio nos pés descalços
Com a mente longe daqui
Durante a noite com sobressaltos
Pensando sempre em ti.

Volto que revolto nas mantas
De janela aberta para tu entrares
Aparece a tua imagem nas paredes brancas
Deste meu quarto que tarda em chegares

Depois como, bebo e vejo televisão
Mas nem as legendas consigo ler
Porque só vejo a tua visão
Que quero que venha acontecer

Entras pela janela de branco vestido
Imagem bonita que não esqueceu
De olhar radiante é o destino
E por fim adormeceu.