Escrevo porque gosto de juntar palavras, descrever quadros e estados de alma.
É um mundo em constante mutação. Dores sem dor e ruídos sem som.
Dedico estes poemas ás pessoas que amo e que comigo levam esta vida a tornar-se um mundo melhor e a vocês que levam algum tempo a compreender esta minha estrada da vida..um beijo muito especial.
Aos meus filhos Luís/Artur/Fernando/Gonçalo/Francisco
Palavras que se lançam como farpas Num animal ferido já de morte Fugindo pela encosta acima Tentando mais uma vez a sua sorte
Criei dentro de mim um Mundo Um palco de vida e um sonho Por vezes vou bem ao fundo Mas sei muito bem o que proponho
Carrego na alma a tristeza da partida De quem amava a família tão bem Agora vamos juntos achar uma saída Para que o seu nome seja de alguém
Dois netos duas formas diferentes de olhar De tons azuis e negros Uma brisa que se sente no ar A cada momento um choro Ou simplesmente um piscar Ambos risonhos isso lhe podemos dar
Carregamos estes amores mais do que dois São cinco flores Alguns espinhos E muitas dores Mas dentro de nós prevalece O amor que aprendemos Quem sabe dos que partem Dos que ficam Logo veremos
Com os meus olhos embebidos em tristeza Escrevo palavras que agora sinto Desta forma forte e com a certeza Das cores com que as pinto
Partiu Não vale pena parar Naquela cama deitado De olhos bem fechados Até o coração batia Num compasso acelerado Não sofria pensávamos Estava dormindo Um sono atroz Tantos fios Tantas máquinas Nem sorriso Nem olhar Um respirar ofegante E tão distante Partiu Como já sinto a falta Das conversas de família Do seu pensar Seu olhar Da sua forma de estar Do acarinhar Levas contigo um pedaço de nós E dentro de nós pedaços de ti Agora o olhar em frente E contigo sempre presente
Tudo o que sonhava fazer, em prol da família, que estimava muito, se desmoronou, nesta ultima viagem, apesar de ter lutado com todas as suas forças.
Um mal entranhou se lhe no corpo e nunca mais o libertou. levou consigo os seus sonhos, a sua força, o seu sorriso de desafio à vida.
Neste último ano e meio estivemos mais perto, das conversas que agora levarei para sempre comigo, ressalvo o seu espírito de luta, a sua forma de ver a vida, a sua força e retidão de carácter. Relembro os netos que o rodeavam e acariciavam a sua barba branca. Os conselhos que todos ouviam com deferência… De todas as dores, que trago comigo, a sua perda é de certo, a mais sentida.
Ao longo deste tempo estivemos muitas vezes distantes, mas essa distância foi unicamente física, porque tanto eu como ele, estávamos sempre presentes com as nossas formas de ver o quotidiano e sempre unidos nos momentos difíceis.
Carrega o seu vestido negro Que o tempo perdeu a memória Lá longe dos seus sem pego Perdeu ele a sua vitória Ficou gravado na pedra Que o Homem decidiu escrever Longe dos seus fica sem sorte E ninguém o pode valer Agora com o menino no ventre Hoje Homem feito sem nunca chorar Ele ainda agora não sente A falta que lhe fez um Pai para adorar Mas a guerra com tantos que levou Outros tantos que daqui fugiram Por fim Abril chegou Felizes os que não sentiram
Saudade Que se sente dentro de nós Que nos doem Que nos corrói Nos deixa morrer Como lágrima que corre sem parar É um eterno sofrer Este inferno Que nos faz viver Sem rosto Nem memória Saudade Palavra que se vai com o vento Que os pobres nem tem tempo De a sentir No seu leve latir Na sarjeta Desta terra despida de sentimentos Onde agora nem sei onde vai parar Fica a saudade
"É monstruoso dizer-se que o artista não serve a humanidade. Ele foi os olhos, os ouvidos, a voz da humanidade. Sempre foi o transcendentalista que passava a raios X os nossos verdadeiros estados de alma." Anais Nin